domingo, 21 de fevereiro de 2010

O que vem a ser ambiente sócio-moral na escola.

Não tendo desculpa para tamanha ausência de textos vou tentar me redimir com a resenha de novas releituras.
Sem prometer tamanha disciplina, me atrevo a dizer que segue a primeira.

É muito bom ter novos desafios, no final do processo você sempre sairá modificado por novos conhecimentos. Mas também é muito bom quando você lê sobre um tema que você já conhece, desenvolve um trabalho e a leitura dá nomes e cita experimentos que comprovam que estamos no caminho certo há muitos anos.

Foi o que aconteceu com a leitura do livro a Ética na educação infantil, o ambiente sócio-moral na escola, de Rheta DeVries e Betty Zan, um livro que li e resumi para dar aula em cursinho para concurso de professores.

Ao tomar conhecimento deste livro na bibliografia do concurso já fiquei muito feliz porque sempre acreditei ser este ,um tema fundamental para qualquer educador que se atualiza. Parabenizo os organizadores da bibliografia quanto, não só este, como todo o conteúdo exigido, muito embora, por experiência no trabalho com professores, este conteúdo bibliográfico, por representar uma mudança no paradigma escolar, leve mais de uma década para ser inteiramente compreendido e quiçá um dia ser incorporado à prática de um educador.

As autoras são seguidoras de Piaget, produzindo literatura a respeito de assuntos que contribuem para a prática construtivista, que eu conheça, desde a década de 80. Este livro é de 1994. Eu já o possuía e havia feito uma leitura casual, mas ele, como todos os livros construtivistas, têm que ser lido com profundidade.



Deixando de lado as considerações, vou tentar escrever sobre a idéia central deste livro genial de trezentas e poucas páginas.

O que vem a ser ambiente sócio-moral na sala de aula?

Trata-se de um ambiente proporcionado pala postura do professor, que se propõe a respeitar o aluno física, emocional e intelectualmente.
O ambiente que respeita o aluno fisicamente é aquele adequado as suas necessidades fisiológicas como por exemplo comer, ir ao banheiro, repousar, referentes a faixa etária, aos cuidados ambientais adequados em todos os sentidos ( organização, higiene, clima, espaço, mobiliário, iluminação, etc...). É incrível a dificuldade dos professores em permitir ao aluno ir ao banheiro quando este solicita.

O ambiente que respeita emocionalmente é aquele que permite e incentiva o aluno a falar de seus sentimentos no seu nível de desenvolvimento, e que o professor conheça a teoria de desenvolvimento sócio-moral e possa intervir adequadamente para que o aluno progrida para um nível superior. Este ambiente inclue aceitação incondicional, inclusive da criança “difícil” ( considerada pela autoras aquela que coloca os outros em perigo e perturba as atividades da aula), empatia e regras claras. Longe de ser um ambiente de liberdade total porém sem dúvida um ambiente democrático, uma vez que permite, sob a tutela do adulto, que as crianças pensem e deliberem sobre suas próprias regras. O termo sócio-moral combina as regras sociais ou convencionais de boa educação com o termo moral entendido como o respeito aos sentimentos e desejos dos outros; assim como o cumprimento das regras como necessidade para a boa convivência.

Respeitar o aluno intelectualmente, quer dizer, conhecer o estágio de desenvolvimento cognitivo de seu aluno e propor atividades adequadas, conhecendo o raciocínio infantil e fornecendo a base para o seu desenvolvimento. Para isso o educador deve conhecer a teoria de Piaget tanto no que diz respeito ao sujeito que aprende quanto à hierarquia de conhecimento do objeto de aprendizagem, do qual ele será mediador na interação sujeito-objeto.

Mas, o mais importante é que ao proporcionar um ambiente sócio-moral estaremos auxiliando a formar um indivíduo autônomo, finalidade de toda a educação. Este sujeito será ativo moral e intelectualmente, autor da própria aprendizagem, numa progressão apenas imaginável no sonho de um educador.

Para Piaget, o ambiente que permite pensar e decidir sobre as regras ajudam, no desenvolvimento de um self ( noção de si mesmo) seguro e estável, ao contrário do ambiente autoritário, onde o professor detêm o saber e o aluno espera dele o sinal para aprender, que propicia indivíduos inseguros, heterônomos (regulados por outrem) que podem reagir com submissão, raiva ou dissimulação.
Bom, agora que já foi dito “o quê” e o “porquê”, resta o “como” fazer isto em sala de aula.
Como trabalhar isso no dia-a-dia?


Pra quem não conhece e não pode fazer uma visita na escola EMAK, resta esperar um novo texto, sem o qual o livro que me propus relatar permaneceria injustamente incompleto.

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